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Clássicos da TV: David Crockett & Daniel Boone



Fess Parker- O Homem da Fronteira

por Ronald Lima

 O chapéu de guaxinim que valia por dois personagens


Destino: Como David Crocket (não creditado) 
em "Valentão é Apelido" (1959)


Fess Parker nasceu no Texas em 16 de agosto de 1924 e serviu na Marinha durante a 2ª Guerra, onde, ao contrário do que ele esperava, não pode se tornar piloto por conta de sua grande estatura, que lhe deixava mal ajustado no cockpit de um caça. Foi transferido para os Fuzileiros Navais onde combateu no Pacífico contra o Japão. Após dar baixa, continuou os estudos e decidiu cursar teatro na Universidade do Sul da Califórnia, onde se formou.

Com Robert Taylor e Tina Louise em "O Mensageiro da Morte"  (1959)



Começou a atuar em pequenos papéis. Em um desses bicos, de apenas um dia de trabalho, interpretou uma pequena cena como um piloto retirado para um asilo de loucos depois de afirmar que seu avião foi derrubado por gigantescos insetos voadores. Era o filme Them! (1954, de Gordon Douglas) - que, no Brasil, foi intitulado de O Mundo em Perigo - onde formigas gigantes atacam a Terra. Sua interpretação convincente e alucinada fez com que a Disney o contratasse ainda naquele ano para um papel em uma nova minissérie em três episódios para sua popular série de TV, Disneylândia. Ele interpretaria David Crockett, o desbravador homem da fronteira, congressista e trágico herói do Forte Álamo. Para muitos, esta é a primeira minissérie criada para a TV.

Não é Daniel Boone... Com Bud Ebsen e Kenneth Tobey 
em "David Crockett e os Piratas do Rio" (1955)


Foi um sucesso estrondoso. Tanto que a Disney fez outra minissérie com dois episódios contando toda a vida de Crockett. O boné que o caracterizava era uma febre entre as crianças e um dos produtos mais vendidos da Disney no período. Alguém lembra de um dos tios de Marty McFly quando criança que usava um desses chapéus de pele? (De Volta Para o Futuro, 1985, de Robert Zemeckis). Os três episódios foram reeditados para formar um filme para a TV, que foi transmitido quando Disneylândia mudou da rede ABC para a NBC na década seguinte. Mais cenas foram filmadas e somadas a outras editadas dos dois episódios restantes para fazer outro longa-metragem que foi exibido nos cinemas.


Com Steve McQueen na aventura de guerra 
"O Inferno é Para os Heróis" (1962) de Don Siegel.


Parker excursionou e participou de vários eventos e shows na TV interpretando David Crockett porém foi proibido pelo contrato que tinha com a Disney de continuar a interpretar o personagem em eventos que não fossem da empresa. Fez outros episódios de Disneylândia e alguns filmes - como Têmpera dos Bravos (1956, de Francis D. Lyon) e Não Renego Meu Sangue (1958, de Herschel Daugherty), mas Parker reclamava que sempre parecia fazer o mesmo papel. Ele foi convidado no período para atuar em alguns filmes fora da Disney devido ao sucesso que fez, mas nenhum deles se concretizou. 

Com Walt Disney exercitando seus dotes musicais 
num intervalo de "David Crockett no Alamo"  (1956)


Entre esses convites merece destaque o que recebeu para um papel em que contracenaria com John Wayne em Rastros de Ódio (1956, de John Ford) e o outro em que seria o protagonista ao lado de Marilyn Monroe em Nunca Fui Santa (1956, de Joshua Logan). Sentindo-se cerceado pela Disney, decidiu deixar a empresa para seguir novos rumos. Curiosamente, porém...

Fess Parker e James MacArthur na produção 
da Disney "Não Renego Meu Sangue" (1958)


Daniel Boone - O Gigante Gentil

 "- Faço ou não faço mais um chapéu?! Dúvida cruel!"

Fess Parker participou então de diversos filmes, inclusive musicais, atuando ao lado de Bob Hope, Steve McQueen , Robert Taylor e James Stewart. Chegou inclusive a protagonizar uma série de TV - Mr. Smith Goes to Washington, baseada no filme A Mulher Faz o Homem (1939, de Frank Capra) -, mas continuava sendo lembrado sempre pelo seu marcante papel do homem da fronteira.

Fess Parker, o Daniel Boone da ficção, e o original 
(Arte de Jack Kennedy Hodgkin)

Após o sucesso da reexibição das minisséries de David Crockett em formato de filmes, a NBC e a 20th Century Fox Television decidiram, em 1964, que personagens naquele estilo ainda poderiam render bons frutos. Mas eles não poderiam usar o personagem histórico sem ter problemas com a Disney - que não usava mais Crockett em suas produções mas se recusava a repassar os direitos que dizia ter sobre ele. As produtoras então decidiram optar por outro personagem histórico que tivesse pontos em comum com Crockett. Surgiu então a ideia de utilizar a figura de Daniel Boone. Sim, ao contrário do que muitos pensam, Boone não é um personagem ficcional. Ele existiu de fato. Ele, porém, era louro, não era tão alto e nunca usou um chapéu de pele de guaxinim como Crockett, mas esse elemento foi introduzido para deixá-los parecidos e aproximá-lo ainda mais dos fãs da minissérie da Disney. Havia outras diferenças. Ambos eram corajosos, mas, por exemplo, ao contrário do impulsivo David Crockett, Daniel Boone era muito mais ponderado.

"- Eu mostro pra eles se sei ou não carregar um rifle...."

Assim como ocorreu com o personagem na vida real, na série Daniel Boone guiou um grupo de colonos ao Kentucky, onde fundou a localidade de Boonesborough, onde ocorria a maioria dos episódios - a frase “- Eu sou do Kentucky!” é um bordão da série. Havia muitas discrepâncias - na realidade, por exemplo, o movimento ianque contra o Império Britânico, do qual faziam parte, não era a tônica dos acontecimentos naquela época em um território tão distante das lendárias 13 colônias. Mas o público não estava nem um pouco preocupado com a veracidade histórica. Apesar da história de Daniel Boone se passar em uma América pré-independência de 1776, havia muitos elementos que a aproximavam dos seriados e filmes de faroeste que proliferaram os anos 60 e 70: caravanas, conflitos com índios, duelos com arma de fogo e encontros e brigas em tabernas e armazéns, bem semelhantes ao que ocorria no interior de saloons do faroeste. Os conflitos típicos da fronteira ocorriam tanto lá quanto cá.

"- Veja o que eu faço com um tomahawk!!!"

O outro personagem mais recorrente na série era Mingo Comansi, parceiro de Boone no mesmo estilo que Cavaleiro Solitário (Lone Ranger) e Tonto. Mingo era interpretado pelo cantor e ator Ed Ames (membro do grupo The Ames Brothers). Porém ao contrário do personagem Tonto, Mingo possuía uma história e personalidade contextualizada para a época do seriado, sendo inclusive o foco de diversos episódios. Não é nem um pouco subserviente, e sim um grande companheiro, tal como vemos na relação entre o Sr. Spock o Capitão James T. Kirk em Star Trek (aliás, Spock e Mingo são visualmente parecidos não são? hmmmm...). Mingo é filho de uma índia cherokee e um imigrante inglês, o quarto conde de Dunmore. Devido a sua ascendência dividida entre duas etnias, muitos algozes de Boone, e mesmo alguns conhecidos, costumam desprezá-lo, um grande erro, que normalmente eles descobrem a duras penas. 

Daniel Boone e Mingo (Ed Ames), seu 
 grande amigo e "Oficial de Ciências"...

Com a saída do ator Ed Ames da série, um outro personagem também de origem metade indígena chamado Gideão (Dom Pedro Colley) foi introduzido na história. Mas sem o impacto que Mingo possuía.

O mestiço Gideão interpretado pelo ator Dom Pedro Colley,
 amigo de Daniel Boone a partir da 5ª temporada.

Daniel Boone durou seis temporadas e foi produzida a cores. Houve três variações da canção tema da série no decorrer das temporadas. Ela foi composta por Vera Matson e Lionel Newman e a letra, de Ken Darby, menciona a estatura do ator e o boné de pele de guaxinim - esse pequeno detalhe do chapéu, foi usado pela Disney para dar base a um processo contra a NBC alegando semelhança a David Crockett, não conseguiram vencer essa causa. A série contou com a participação de personalidades famosas nos E.U.A. em seu elenco regular, que não se restringiam a participações especiais. Os destaques ficam com o cantor de country Jimmy Dean, no papel de Josh Clements - um cidadão que sempre tenta resolver tudo de modo mais fácil, mas tem bom coração - e Roosevelt (Rosey) Grier, campeão de futebol americano que também era cantor e pastor protestante. 

Amigos do peito: Gaby Cooper (Rosey Grier), Daniel Boone
 e Josh Clements (Jimmy Dean)...

Na série, Grier interpretava o ex- escravo Gabe Cooper, de descendência negra e indígena, um outro gigante gentil. Entre as participações especiais, que foram muitas, destacamos o ator anglo/russo George Sanders como o ambicioso Coronel Roger Barr que, volta e meia, vem de longe tentar ser o califa no lugar do califa em Boonesborough. Sem esquecer do simpático estalajadeiro e sempre pronto para ajudar Cincinnatus, a veia cômica da série, interpretado por Dallas McKennon, ator de dublagem dos Estúdios Walter Lantz (Walter Lantz é o criador do Pica-Pau). 

Cincinnatus (Dallas McKennon): "- Ali Daniel. Ali do
 lado ó... Curta 3 Velhos Nerds!"

Apesar da intensa briga da Disney por conta da evidente semelhança visual entre os personagens Crockett e Boone, Fess Parker foi reconhecido mais tarde como uma das Lendas Disney. Nada mais merecido.

O infame Coronel Roger Barr (George Sanders):
 "- Se não fosse você Sr. Boone e esses garotos intrometidos...."

Fess Parker deixou a carreira artística em 1973 depois de tentar emplacar, sem sucesso, um sitcom chamado The Fess Parker Show. Ele se tornou um próspero homem de negócios com sua vinícola, a Fess Parker Family Winery and Vineyards, localizada em Los Olivos, California. Faleceu aos 85 anos em 18 de março de 2010 de causas naturais em sua casa na cidade de Santa Ynez, California.
 
Mingo e a família Boone: Jemima (Veronica Cartwright, Daniel, Israel (Darby Hinton),  Rebecca Boone (Patricia Blair) e Yadkin (Albert Salmi).
 
Placa homenageando a sua sepultura

Crítica: Pysycho-Pass 1ª Temporada



Culpados até segunda ordem...


por Alexandre César

Anime cyberpunk  mescla bem ação, violência e filosofia



No século XXII, mais especificamente na cidade de Tokyo, o princípio de que "todos são inocentes até que se prove o contrário"não se aplica, sendo os cidadãos continuamente avaliados por um sistema intitulado de "Sybil" que analisa o estado mental das pessoas e as categoriza como potenciais criminosos ou não, e se por motivos pessoais, como stress, o nível de um indivíduo se altera, fazendo o seu estado passar de certa medição (100), ele passa a ser considerado “turvo”, sendo dada uma possibilidade de "cura" (terapia), de recuperação mental para indivíduos nesta situação. Caso essa medição chegue a 300 ou mais essas pessoas são classificadas como “irrecuperáveis”, sendo a sua sentença a prisão ou a morte, mesmo que não tenham cometido crime algum.

Contrastes: O veterano inspetor Nobuchika Ginoza e a
novata Akane Tsunemori, que tirou a maior pontuação e
 entrou para a polícia por acreditar "poder fazer a diferença"...


Produzido pela Production I.G. Japonesa, Psycho-Pass é um anime que estreou originalmente no dia 11 de outubro de 2012 no bloco Noitaminada Fuji TV sendo posteriormente adaptada para mangá, e começando a ser publicado em 2 de março na revista Jump Square. A série animada se compõe de 22 episódios de 30 min e atualmente veiculado pela Netflix.

Shinya Kogami, o principal e trágico, personagem masculino...


Nesta metrópole cyberpunk (ambientação recorrente aos animes) a polícia, em auxílio para as suas investigações, usa um grupo de prisioneiros "especiais", chamados Executores*(Enforcers), para ajudá-los a capturar ou matar esses indivíduos "não mais necessários". Para tal, utilizam uma arma especial, chamado de “Dominators”, ou "Os olhos da Sibila". Neste contexto temos como personagem principal Akane Tsunemori, uma jovem policial que acaba de ser transferida para essa divisão, tendo entrado para a polícia por suas excelentes notas (ninguém obteve uma pontuação tão alta quanto a dela). Por isso, Akane acredita ser capaz de fazer algo que ninguém mais pode, pois ela não acredita que existam pessoas irrecuperáveis, além de ter uma alta tolerância ao álcool. É a sua jornada de chocantes surpresas, traumas, decepções e amadurecimento que carrega a narrativa desta 1ªtemporada.



O jovem Shusei Kagari quer apenas pagar a sua dívida e sair...


Como o protagonista masculino da série, temos Shinya Kogami era um Inspetor, mas, após um incidente que resultou na morte de um de seus subordinados, teve seu coeficiente criminal alterado para níveis muito altos, se tornando um dos Executores.

As letais "Dominators" ou "Olhos de Sybila"...


O resto da equipe são Nobuchika Ginoza outro inspetor, colega de Kogami que testemunhou a sua decadência, sendo por isso e por um trauma familiar, um indivíduo tenso e rígido com o comportamento profissional; Tomomi Masaoka, um ex-investigador, de passado obscuro e com uma braço esquerdo protético, que enxerga o potencial de Akame, e lhe dá suporte, ajudando a todos da equipe como uma figura quase-paterna; Yayoi Kunizuka, uma ex-cantora de punk rock e ex-membro de uma organização anarquista, que usa o seu talento de hacker para poder futuramente se reintegrar à sociedade, Shusei Kagari, joven outsider (o piadista do grupo) que também quer cumprir a sua pena e seguir adiante, não ligando muito para os cidadãos comuns a quem deveria proteger, Shion Karanomori, uma sarcástica analista na Divisão Geral de Análise do Departamento de Segurança Pública (e além de tabagista,uma criminosa latente também) sempre “vestida para matar”. Ela fornece apoio aos Enforcers e inspetores em sua investigação, analisando os dados e as provas enviadas por eles. Ela e Yayoi são amantes.

Yayoi Kunizuka e Shion Karanomori, as personagens-fetiche da série...

Temos ainda Joshu Kasei a chefe do Bureau, uma mulher idosa que se interessa pela imunidade do criminoso Shogo Makishima aos Dominators (ver abaixo) e ordena a Nobuchika Ginoza não matar o criminoso. Na realidade ela esconde o grande segredo por trás do Sistema Sybil, recorrendo a expedientes questionáveis contra quem tenta expor a verdade por trás de tudo.
Ao Mestre com Carinho: O terrível Makshyma Shogo e
sua pupila psicopata Rikako Oryo são o mal encarnado ...



Até o episódio 8 o tom da série é investigativo e procedural, com a equipe resolvendo os casos, e com Akane familiarizando-se com a equipe, crescendo o seu valor ao longo deste trajeto, mas, quando emergem as maquinações do já mencionado Makshyma Shogo, vilão refinado e ambíguo, que é capaz de burlar o sistema “Sybil”, que a temporada realmente engata pois Shogo é um perigo real e imediato para o departamento e para toda a coletividade, pois ele vê a vida como um jogo, tanto fazendo para ele matar uma ou centenas de pessoas para provar um ponto, ou apenas quebrar o tédio em armações brilhantes, dignas do Doutor James Moriarty (o adversário figadal de Sherlock Holmes). Shogo poderia ser considerado um “humanista do lado sombrio” obcecado com a crueldade e todos os piores aspectos da natureza humana. 

O inspetor Nobuchika Ginoza e o executorTomomi Masaoka
têm atritos oriundos de um passado em comum...

Um "evangelista" nato,Shogo é possuidor de carisma incomum e com um verdadeiro dom para a narrativa. É mostrado que Makishima pode ser o cérebro por trás dos muitos casos que o Bureau de Segurança Pública está investigando (sendo o responsável pela morte do ex-parceiro de Kogami, e seu rebaixamento de Inspetor para Executor ao causar a sua queda no Psyco-Pass). Apesar de sua intenção assassina, seus níveis do Coeficiente Criminal nunca alcançaram níveis perigosos, tornando-o seguro para as Dominators. Ele próprio afirma que isto é porque a sua própria mente e seu corpo não considerá-lo estar “errado” ao matar pessoas e cometer crimes, pois considera que para ele, isto é perfeitamente "normal", resultando na Psyco-Pass não detectar nada anormal ou ilegal no seu comportamento que o denuncie ao Sistema Sibila, chamando a atenção para ele (ele se veste de branco,em oposição a Kogami, que na maioria das vezes está de preto numa interessante inversão de papéis) e neste embate de antagonistas, Akame paga o seu preço de amadurecer, sendo testados os seus limites sem piedade, embora mudando o seu jeito de ser, ela nunca abdica de seus valores...

Os "Capacetes" isolam as pessoas do sistema,
permitindo-lhes praticar toda a sorte de violência...

A galeria de vilões da temporada ainda incluem Choe Gu-sung (o braço direito do Shogo Makishima) um imigrante coreano que se mudou para o Japão com sua família quando era criança, desprezando a sociedade criada pelo Sistema Sybil, desejando removê-lo. inicialmente um mensageiro, Gu-sung tem um papel maior na série quando ele registra o assassinato de uma mulher nas mãos de um homem imune à Sybil usando um capacete avançado e usando este vídeo para causar vários distúrbios na cidade; a estudante na Oso Academy (uma escola pra moças) Rikako Oryo, que apesar de sua personalidade gentil, é uma serial killer que usa os cadáveres de suas vítimas para criar monumentos de arte para seu pai doente (todos os seus crimes são orquestrados por Shogo Makishima que aparece em sua escola como um de seus professores) e Toyohisa Sengūji, um sociopata, obcecado com a caça esportiva, que conseguiu ampliar sua vida artificialmente, tornando-se um ciborgue, primeiro aparecendo para matar uma subalterna descartada por Makishima, posteriormente trabalhando seus ossos em cachimbos como um dos seus muitos troféus de caça.


A holografia e a realidade virtual estão no cotidiano daspessoas no figurino e no ambiente residencial e profissional...


Enquanto estava criando a animação, o diretor chefe Katsuyuki Motohiro queria uma série que contrariasse as tendências dos animes atuais, precisando para isso de um roteirista carismático, o que o fez convidar Gen Urobuchi para trabalhar junto com ele em 2011, pois a equipe gostou de seu trabalho em Puella Magi Madoka Magica, que eles consideram melhor que Neon Genesis Evangelion. Após ler alguns livros e roteiros escritos por Urobuchi, ele ficou fascinado e convencido de que ele faria um bom trabalho. O design dos personagens foi feito pelo artista Akira Amano. Na criação da série, além dos temas psicológicos baseados nos do anime Lupin III que ele assistiu durante a sua infância. Motohiro permitiu que a equipe usasse os elementos originais desejados pelos criadores, mesmo que isso pudesse afastar o público feminino e infantil, pois também sabia que a série era violenta demais, comentando não queria seu filho assistisse o anime devido a sua "brutalidade psicológica", atiude sábia pois quando é para pressionar, a série não hesita em pisar no acelerador, não poupando os seus personagens.

As duas faces de uma moeda: Shogo Makishima e ,Shinya  Kogami em seu duelo de vida e morte...

 Mesclando grandes doses de ação e violência gráfica com referências à Platão, Rousseau, Shakespeare, Phillip K.Dick (cuja obra “Do androids dream with an electrical sheep?”serviu de inspiração para o filme Blade Runner de Ridley Scott de 1982) entre outros nas falas rebuscadas de Shogo, que se vê como um herói revolucionário, já que consegue mascarar o seu real estado do Sybil como um camaleão que se mimetiza com o ambiente, e com isso ele pretende desmascarar o status quo, que no fundo apenas engaiola os indivíduos em condicionamentos repressores. Assim, temos embates memoráveis entre Shogo e Kogami até o seu desenlace final.

A ambientação urbana e cyberpunk é bem representada,com variedade em seu detalhes sutis e criativos...

Um fator de destaque da animação é a tecnologia virtual incorporada ao uso da vida cotidiana, permitindo aos personagens mudar o aspecto visual da decoração da sua casa e até das suas roupas com um “click” de laptop, além de itens de camuflagem como os '"Konshans" que permitem aos policiais andarem mimetizados na multidão, ou até se “mascarar” pessoalmente do sistema usando capacetes que Shogo prepara e distribui durante um levante, para estimular às pessoas a praticarem crimes violentos, disseminando o caos.

O clímax se dá na área rural,numa central de processamento,
onde a agricultura é automatizada e seus espaços amplos
fogem do estereótipo dos espaços urbanos restritos...


No cômputo final Psyco-Pass é um ótimo anime de ação e aventura policial que vale a pena ser visto, e leva a pensar neste tempos de liberdade vigiada a que vivemos quando cada vez mais motivados pelo medo, e em nome da segurança abdicamos gradativamente de valores individuais que definem a nossa humanidade básica.

Os suspeitos de sempre...


*:Deve-se chamar a atenção da Netflix para o fato de nas suas legendas trocaram o termo “Enforcer” por “Miliciano” o que é problemático, uma vez que glamouriza o termo, dndo-lhe uma dimensão “” e sabemos todos muito bem que milicianos são criminosos, mafiosos da pior espécie que aqui no Brasil dominam comunidades inteiras como senhores feudais. Outra falha grave que temos observado é que em outros animes sempre que aparece algum monge, a legenda traduz como “pastor”o que dá uma conotação neopentecostal inexistente, pois “todo monge é no fundo um pastor, mas nem todo pastor (a grande maioria) é monge. Já tenho observado essa “guerra de narrativas” há algum tempo, desde que o Brasil começou a comprar o discurso da extrema-direita e seus associados.


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