Diga o meu nome!
por
Alexandre César (3 Velhos Nerds)
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Embora não use o nome este é o Capitão Marvel-Raiz !!!
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O Homem de Aço X O Mortal Mais Poderoso da Terra |
Originalmente concebido por C.C.Beck e Bill Parker, e estreado na revista WhizComics, de fevereiro de 1940 da editora Fawcett Publications, o CapitãoMarvelcom a rapidez de um raio se tornou um sucesso, dando sérias dores da cabeça para a National Periodical Comics(a atual DC Comics),sua concorrente, cujo maior sucesso era o Super-Homem, pois enquanto o herói alienígena (que trazia o espírito das revistas da Ficção Científica para as Hqs, apontando para o futuro) tinha no seu auge uma tiragem média de 3 milhões de exemplares, o “Mortal mais poderoso da Terra”(que se apoiava no charme do passado, numa releitura da tradição da magia e do mitológico) chegava aos 5 milhões com uma facilidade preocupante (em seu auge a revista CaptainMarvelAdventuresvendeu em 1944 um total de 14 milhões de cópias e um milhão e trezentas mil cópias em média por edição no período em que foi publicada duas vezes por semana) o que levou a um longo e tumultuado processo de DCcontra a Fawcettalegando plágio do conceito do Superman, embora o Capitão tenha trazido inovações que várias editoras copiaram (inclusive a DC...) como tramas em capítulos, um uniforme elegante que fugia da fórmula da “cueca sobre a a malha”, crossovers com heróis da sua editora, grupos de supervilões, ter apresentado a primeira versão feminina de super-herói que não era sidekick (Mary Marvel) quase uma década antes da Supergirle de quebra foi o primeiro super-herói adaptado para o Cinema, em 1941 (cerca de um ano após a sua estréia nos gibis...) no seriado em doze episódios As Aventuras do Capitão Marvel, com o ator Tom Tyler como o herói, além de ter sido um das referências pop da comédia Sorveteiro em Apuros (1950) de Lloyd Bacon, com Jack Carson, Lola Albright, Jean Wallace e George Reeves (que posteriormente seria o Homem de Aço no seriado As Aventuras do Super-Homem de 1952 a 1958).
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O Capitão Marvel (Mar-veel) da Marvel... |
S – Sabedoria de SALOMÃO;
H – Força de HÉRCULES;
A – Resistência de ATLAS;
Z – Poder de ZEUS;
A – Coragem de AQUILES;
M – Velocidade de MERCÚRIO.
Dirigido por David F. Sandberg (Annabelle 2 - A Criação do Mal de 2017) Shazam! (2019) resgata numa aventura divertida e lúdica o espírito do personagem, embora em nenhum momento use o nome de Capitão Marvel (por causa das questões enunciadas acima...) sabendo usar sua ingenuidade e esperança (elementos cada vez mais em falta atualmente...) num dos grandes filmes do Universo Cinematográfico DC, continuando o movimento de dar um tratamento mais solar aos personagens deste universo, até então carregado de tons sombrios. Até porque, era o que o personagem pedia!
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Shazam (Zachary Levy) menino no corpo de homem, como a maioria de nós... |
A trama é ambientada na Filadélfia, diferente do original (que vivia na cidade de Fawcett City, onde Billy trabalharia na rádio Whiz, como repórter Junior) e logo no seu início presenciamos a origem do antagonista Doutor Thaddeus Sivana (o ótimo Mark Strong, cool e estiloso como um vilão bondiano) que ainda criança na década de 1970 foi um dos candidatos rejeitados do Mago Shazam (Djimon Hounsou com visual mezzo mago Merlin mezzo aborígene papua) que o levou à uma busca obssessiva da Pedra da Eternidade e de seu poder. Pulando depois para o jovem Billy Batson (Asher Angel da série de TV Andi Mack) que abandonado foge de um lar adotivo a outro numa igualmente obssessiva busca pela mãe de quem se perdeu aos 4 anos, indo parar no lar adotivo de Victor Vasquez (Cooper Andrews da série de TV The Walking Dead) e Rosa Vasquez (Marta Milans, da série de TV Killer Women) ambos de origem orfã, que têm uma amorosa família multiracial de filhos: A amorosa Darla Dudley (Faithe Herman da série de TV This is Us); a centrada Mary Bromfield (Grace Fulton de Annabelle 2 - A Criação do Mal); o hacker-mirim Eugene Choi (Ian Chen da série de TV Fresh Off the Boat); o maciço e calado Pedro Peña (Jovan Armand da série de TV Hawaii Five-O); e o deficiente alto-astral Freddy Freeman (o ótimo Jack Dylan Grazer de It – A Coisa de 2017 que rouba a cena) entusiasta de super-heróis, que vem a se tornar seu melhor amigo.
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A "Pedra da Eternidade". Feliz recriação dos gibis, com várias influências. |
Como em muitos filmes vemos o herói e vilão serem versões espelhadas (aqui, pela motivação) pois Billy procura o amor de uma mãe que lhe teria sido “roubado”, tornando-se rebelde e até malandro, enquanto Sivana, por ter sido rejeitado por seu pai e irmão desde o início, se voltou para a busca por poder. Um mesmo ponto inicial, dois rumos distintos.
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Billy Batson e o mago Shazam (Djimoun Hounsou). |
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Thaddeus Sivana (Mark Strong): Vilão cool e intimidador. |
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Não faltam citações ao universo DC... |
A fotografia de Maxime Alexandre caminha entre o realismo impessoal dos ambientes urbanos e em um maior grafismo nos cenários da Pedra da Eternidade, que lhe dá maiores possibilidades visuais, sendo a concepção da designer de produção Jennifer Spence uma boa surpesa para quem conhece o Universo da antiga Terra-S, com elementos dos Novos 52 coisa que se reflete nos figurinos de Leah Butler, que é muito feliz na surpresa final do combate “Bem X Mal” bem editado por Michel Aller.
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Shazam e Sivana: Espelhados em suas motivações iniciais. |
Shazam! é um filme que não se apega à necessidade de mostrar os grandes Deuses-DC em lutas épicas, construido-se sob uma gangorra de dramas familiares e comportamento adolescente que é de imensa importância para o arco do vilão, em torno do qual que a maravilhosa bobagem heróica do filme irá se desenvolver, discutindo a importância dos valores básicos que formam um herói e da força que uma família unida pode ter. Os clichês “bonitinhos” de moralidade familiar têm diferentes nuances aqui, até porque a negativa posição de Billy em relação à instituição não permitiria um enfoque a lá Frank Capra, mas chega perto às vezes...
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Sivana não está para brincadeira, fazendo o herói se assumir como tal. |
No meio de tanta seriedade, quase-realismo e jornadas épicas no atual universo dos super-heróis nos cinemas, Shazam! É um sopro de leveza por não se ressentir de ser um filme bobo até, assumidamente para a família ou para qualquer um mais emotivo que tenha um bom coração batendo no peito e procure duas horas de diversão escapista, com o mal e o bem enfrentando-se de forma nítida fazendo a transição do olhar adolescente para o adulto, na forma de um raio mágico, capaz de transformar um garoto que não queria ser herói (até porque geralmente, quem “quer ser um herói” acaba se revelando um psicopata...) em um personagem que, nos quadrinhos, um certo vilão apelidava de “Grande Queijo Vermelho” , pois todos temos um super-herói dentro de nós; só é preciso um pouco de magia para que ele ganhe vida, basta gritar uma palavra – SHAZAM!
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