Pioneiro pós-guerra
por Alexandre César
George Pal e Robert A. Heinlein vislumbram o cosmos

Clássico incontestável.
Os testes com foguetes V2 de grande porte falham e o governo americano desiste de continuar as pesquisas sob os rumores de sabotagem. O cientista de foguetes Dr. Charles Cargraves (Warner Anderson) e o militar entusiasta pelo Espaço General Thayer (Tom Powers) então procuram o magnata da aviação Jim Barnes (John Archer) que convence outros empresários americanos patriotas a reunirem os fundos necessários para a construção de um novo foguete que será lançado para a Lua, sob a notícia de que ocorre uma corrida espacial com outros paises e o temor de que podem querer usar aquele satélite como base de lançamento de mísseis. Mas o projeto causa controvérsia popular devido a utilização de um motor atômico e pouco antes do lançamento aparece um oficial com um mandado para a interrupção do procedimento. A tripulação se completa com o operador de rádio Joe Sweeney (Dick Wesson) que substitui de última hora o tripulante anterior. O lançamento é feito e apesar dos problemas com a antena de rádio o foguete seguirá com sucesso rumo à Lua.

O filme mostra as dificuldades de desenvolver o projeto,
Dirigido por Irving Pichel (Zaroff, o Caçador de Vidas de 1932) Destino à Lua (Destination Moon) de 1950 é um dos clássicos de aventura, ficção-científica e fantasia do produtor George Pal (A Guerra dos Mundos de 1953, A Máquina do Tempo de 1960, As 7 Faces do Dr. Lao de 1964) tendo sido o primeiro filme de ficção científica dos Estados Unidos a apresentar o tema da viagem espacial de forma realística. Pal encomendou o roteiro a James O'Hanlon (Ardida como Pimenta de 1953) e Rip Van Ronkel (A Hora Escarlate de 1956) tendo o autor Robert A. Heinlein (Tropas Estelares, o livro) como colaborador no roteiro, tendo servido como consultor técnico da produção. Ele publicaria em seguida o conto Destination Moon baseado no roteiro. O filme é considerado uma dos mais importantes filmes filmes de ficção-científica do pós-segunda guerra mundial, junto com O Dia em que A Terra Parou (1951) de Robert Wise.

em certa altura é necessário procurar investidores na indústria e finanças...
Produzido em Technicolor e distribuído nos Estados Unidos pela Eagle-Lion Classics (no Brasil foi distribuído pela Universal International). Como as atenções do mundo voltando-se para o espaço pelo início da corrida entre Estados Unidos e União Soviética, um efeito colateral da guerra fria, foguetes, astronautas e monstros iam se tornando comuns nas telas, mas o diferencial deste filme é a preparação do projeto expedicionário e as dificuldades reais de implementá-lo.

O padrão tecnológico da época...
Como exemplo da necessidade de explicação de elementos técnicos para um público ávido temos uma cena em que Jim Barnes procura convencer um possível investidor para o projeto, ele exibe um desenho animado do Pica-Pau explicando a ação da gravidade que dificulta o lançamento do foguete e noções básicas de aeronáutica, sendo uma boa sacada para situar o público leigo quanto aos problemas enfrentados pelos engenheiros e os astronautas.

O lançamento mostra os efeitos da aceleração...
Em função das posições políticas de Heinlein muitos criticaram o filme interpretando-o como instrumento de propaganda militar americana . A história apenas sugere que alguma nação tentasse usar a Lua como base militar mas o autor em histórias posteriores apresentou nazistas transformando o satélite em ameaça. No roteiro, o verdadeiro vilão é a limitação da tecnologia, causando diversos perigos aos astronautas em cenas que encadeiam necessidade de roupas espaciais, falta de gravidade, problemas de peso para a aceleração e consertos fora da espaçonave.

em uma cena se improvisa um propulsor com um cilindro de oxigênio...
Durante o planejamento da famosa cena do resgate Atividade Extra Veicular (na qual um cilindro de oxigênio é usado como uma unidade de propulsão individual) auxiliada pela montagem de Duke Goldstone (The Great Rupert de 1950) os produtores consideraram usar uma arma de fogo como meio de propulsão com o qual o personagem de John Archer resgata o de Warner Anderson quando ele escorrega e se lança do foguete para o espaço. Felizmente eles mudaram de ideia pois uma arma de fogo soaria como uma peça de equipamento inapropriada para um satélite sem ar e sem vida. Entretanto, a concepção de uma arma de fogo foi usada no final do desenho animado de demonstração do Pica-Pau da propulsão do foguete que é mostrada para os industriais milionários que acabam financiando o vôo para a Lua. 
A forma encontrada para simular os efeitos da aceleração no rosto dos atores é criativa...
Os efeitos da aceleração são mostrados pela distorção dos rostos dos atores. De acordo com o artigo de uma revista isto foi feito despejando finas tiras de corante de carne sobre suas faces. O produto foi seguindo as fibras dos rostos amarrado sobre linhas de pesca que iam passando através das "poltronas de aceleração" (por trás das cabeças dos atores) arrastadas pelos membros da equipe para “alongar” a pele. 
Solados magnéticos ajudam no passeio extra veicular...
Os trajes espaciais foram acolchoados para parecerem inflados. O acolchoamento e as luzes do estúdio faziam os trajes tão quentes que os atores só conseguiam usá-los por alguns minutos de cada vez... 
"Licença poética": Leito de lava rachada na Lua??
A consultoria técnica de astronomia de Chesley Bonnestel (O Fim do Mundo de 1951, A Conquista do Espaço de 1955) famoso artista de paisagens celestiais,que providenciou matte paintings e fez o design da superfície lunar. A vista panorâmica do cenário lunar foi uma pintura feita por Bonnestel de 3 metros e 96 cms de altura montada sobre rodas que corria à frente de uma câmera estacionária. Para fazer as estrelas parecerem brilhantes e luminosas, 534 furos foram abertos na pintura e iluminados por trás.

Este cenário foi reciclado em "N" filmes...
O Diretor de Arte e Desenhista de Produção Ernst Fegé (Além da Barreira do Tempo de 1960) adicionou o leito de lava fraturada que remete a semelhança de um fundo de lago seco. As rachaduras diminuem em escala a medida que elas se afastam da câmera, criando um efeito perspectiva forçada que aumenta a profundidade do cenário. Bonestell sabia que a superfície craquelada da lua lembrando um leito de rio seco era não acurado cientificamente, mas usou isto para dar o senso de perspectiva ao panorama lunar captada pelo fotógrafo Lionel Lindon (Sob O Domínio do Mal de 1962). Este exemplo de técnica acurada e excelência artística foi a chave do sucesso do filme. 
Estes trajes também foram reciclados em outras produções, de Abbot & Costelo e Os 3 Patetas entre outros..
A música de Leith Stevens (A Guerra dos Mundos de 1953) mantém o tom épico e sério para os padrões de filmes de aventura da época. O filme foi um grande sucesso, abrindo caminho para toda uma geração de aventuras espaciais com foguetes cromados e tripulantes com trajes coloridos e largos com aquários na cabeça, ficando cristalizados na iconografia dos anos de 1950 a 1960 e povoando o imaginário do ocidente, sendo reciclado nas décadas seguintes ora como homenagem, hora como paródia, sendo reciclado no episódio One Way to the Moon do seriado Túnel do Tempo (1966) em que foram usadas a cena da caminhada sobre o casco da nave, a sequência de pouso da nave na superfície da Lua, algumas cenas de caminhada sobre a superfície e a cena da partida do foguete, entrecortadas com close ups dos atores da série usando trajes similares.

Esta cena foi parodiada em "Star Trek: Primeiro Contato" como uma homenagem do Diretor Jonathan Frakes...
Da mesma forma, foram usados os trajes (modificados) e a cauda cenográfica do foguete em Abbott & Costelo no Planeta Marte (1953) de Charles Lamont, em O Foguete Errante (1959) de David Lowell Rich, com Os Três Patetas e em As Amazonas da Lua (1987) de John Landis.

"Abbott & Costelo no Planeta Marte"(1953):
Trajes reciclados, entre outros adereços ...
Este é outro clássico imortal das matinês e Sessões da Tarde que merece ser revisto neste tempos de comemoração dos 50 anos do pouso na Lua, quando as forças do obscurantismo teimam em querer nos fazer acreditar que a Terra é plana e que não somos capazes de ultrapassar o limite de nossa atmosfera e que temos de permanecer fixos no chão, apesar de alegarem que a gravidade não existe...

"- A partir de hoje, as noites serão mais luminosas, com o brilho de milhões de mundos a serem visitados!!!" como poderia dizer um personagem de Ray Bradbury, adepto dos foguetes de cromo...
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Clássico incontestável. |
Os testes com foguetes V2 de grande porte falham e o governo americano desiste de continuar as pesquisas sob os rumores de sabotagem. O cientista de foguetes Dr. Charles Cargraves (Warner Anderson) e o militar entusiasta pelo Espaço General Thayer (Tom Powers) então procuram o magnata da aviação Jim Barnes (John Archer) que convence outros empresários americanos patriotas a reunirem os fundos necessários para a construção de um novo foguete que será lançado para a Lua, sob a notícia de que ocorre uma corrida espacial com outros paises e o temor de que podem querer usar aquele satélite como base de lançamento de mísseis. Mas o projeto causa controvérsia popular devido a utilização de um motor atômico e pouco antes do lançamento aparece um oficial com um mandado para a interrupção do procedimento. A tripulação se completa com o operador de rádio Joe Sweeney (Dick Wesson) que substitui de última hora o tripulante anterior. O lançamento é feito e apesar dos problemas com a antena de rádio o foguete seguirá com sucesso rumo à Lua.
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O filme mostra as dificuldades de desenvolver o projeto, |
Dirigido por Irving Pichel (Zaroff, o Caçador de Vidas de 1932) Destino à Lua (Destination Moon) de 1950 é um dos clássicos de aventura, ficção-científica e fantasia do produtor George Pal (A Guerra dos Mundos de 1953, A Máquina do Tempo de 1960, As 7 Faces do Dr. Lao de 1964) tendo sido o primeiro filme de ficção científica dos Estados Unidos a apresentar o tema da viagem espacial de forma realística. Pal encomendou o roteiro a James O'Hanlon (Ardida como Pimenta de 1953) e Rip Van Ronkel (A Hora Escarlate de 1956) tendo o autor Robert A. Heinlein (Tropas Estelares, o livro) como colaborador no roteiro, tendo servido como consultor técnico da produção. Ele publicaria em seguida o conto Destination Moon baseado no roteiro. O filme é considerado uma dos mais importantes filmes filmes de ficção-científica do pós-segunda guerra mundial, junto com O Dia em que A Terra Parou (1951) de Robert Wise.
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em certa altura é necessário procurar investidores na indústria e finanças... |
Produzido em Technicolor e distribuído nos Estados Unidos pela Eagle-Lion Classics (no Brasil foi distribuído pela Universal International). Como as atenções do mundo voltando-se para o espaço pelo início da corrida entre Estados Unidos e União Soviética, um efeito colateral da guerra fria, foguetes, astronautas e monstros iam se tornando comuns nas telas, mas o diferencial deste filme é a preparação do projeto expedicionário e as dificuldades reais de implementá-lo.
Como exemplo da necessidade de explicação de elementos técnicos para um público ávido temos uma cena em que Jim Barnes procura convencer um possível investidor para o projeto, ele exibe um desenho animado do Pica-Pau explicando a ação da gravidade que dificulta o lançamento do foguete e noções básicas de aeronáutica, sendo uma boa sacada para situar o público leigo quanto aos problemas enfrentados pelos engenheiros e os astronautas.
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O padrão tecnológico da época... |
Como exemplo da necessidade de explicação de elementos técnicos para um público ávido temos uma cena em que Jim Barnes procura convencer um possível investidor para o projeto, ele exibe um desenho animado do Pica-Pau explicando a ação da gravidade que dificulta o lançamento do foguete e noções básicas de aeronáutica, sendo uma boa sacada para situar o público leigo quanto aos problemas enfrentados pelos engenheiros e os astronautas.
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O lançamento mostra os efeitos da aceleração... |
Em função das posições políticas de Heinlein muitos criticaram o filme interpretando-o como instrumento de propaganda militar americana . A história apenas sugere que alguma nação tentasse usar a Lua como base militar mas o autor em histórias posteriores apresentou nazistas transformando o satélite em ameaça. No roteiro, o verdadeiro vilão é a limitação da tecnologia, causando diversos perigos aos astronautas em cenas que encadeiam necessidade de roupas espaciais, falta de gravidade, problemas de peso para a aceleração e consertos fora da espaçonave.
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em uma cena se improvisa um propulsor com um cilindro de oxigênio... |
Durante o planejamento da famosa cena do resgate Atividade Extra Veicular (na qual um cilindro de oxigênio é usado como uma unidade de propulsão individual) auxiliada pela montagem de Duke Goldstone (The Great Rupert de 1950) os produtores consideraram usar uma arma de fogo como meio de propulsão com o qual o personagem de John Archer resgata o de Warner Anderson quando ele escorrega e se lança do foguete para o espaço. Felizmente eles mudaram de ideia pois uma arma de fogo soaria como uma peça de equipamento inapropriada para um satélite sem ar e sem vida. Entretanto, a concepção de uma arma de fogo foi usada no final do desenho animado de demonstração do Pica-Pau da propulsão do foguete que é mostrada para os industriais milionários que acabam financiando o vôo para a Lua.
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A forma encontrada para simular os efeitos da aceleração no rosto dos atores é criativa... |
Os efeitos da aceleração são mostrados pela distorção dos rostos dos atores. De acordo com o artigo de uma revista isto foi feito despejando finas tiras de corante de carne sobre suas faces. O produto foi seguindo as fibras dos rostos amarrado sobre linhas de pesca que iam passando através das "poltronas de aceleração" (por trás das cabeças dos atores) arrastadas pelos membros da equipe para “alongar” a pele.
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Solados magnéticos ajudam no passeio extra veicular... |
Os trajes espaciais foram acolchoados para parecerem inflados. O acolchoamento e as luzes do estúdio faziam os trajes tão quentes que os atores só conseguiam usá-los por alguns minutos de cada vez...
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"Licença poética": Leito de lava rachada na Lua?? |
A consultoria técnica de astronomia de Chesley Bonnestel (O Fim do Mundo de 1951, A Conquista do Espaço de 1955) famoso artista de paisagens celestiais,que providenciou matte paintings e fez o design da superfície lunar. A vista panorâmica do cenário lunar foi uma pintura feita por Bonnestel de 3 metros e 96 cms de altura montada sobre rodas que corria à frente de uma câmera estacionária. Para fazer as estrelas parecerem brilhantes e luminosas, 534 furos foram abertos na pintura e iluminados por trás.
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Este cenário foi reciclado em "N" filmes... |
O Diretor de Arte e Desenhista de Produção Ernst Fegé (Além da Barreira do Tempo de 1960) adicionou o leito de lava fraturada que remete a semelhança de um fundo de lago seco. As rachaduras diminuem em escala a medida que elas se afastam da câmera, criando um efeito perspectiva forçada que aumenta a profundidade do cenário. Bonestell sabia que a superfície craquelada da lua lembrando um leito de rio seco era não acurado cientificamente, mas usou isto para dar o senso de perspectiva ao panorama lunar captada pelo fotógrafo Lionel Lindon (Sob O Domínio do Mal de 1962). Este exemplo de técnica acurada e excelência artística foi a chave do sucesso do filme.
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Estes trajes também foram reciclados em outras produções, de Abbot & Costelo e Os 3 Patetas entre outros.. |
A música de Leith Stevens (A Guerra dos Mundos de 1953) mantém o tom épico e sério para os padrões de filmes de aventura da época.
O filme foi um grande sucesso, abrindo caminho para toda uma geração de aventuras espaciais com foguetes cromados e tripulantes com trajes coloridos e largos com aquários na cabeça, ficando cristalizados na iconografia dos anos de 1950 a 1960 e povoando o imaginário do ocidente, sendo reciclado nas décadas seguintes ora como homenagem, hora como paródia, sendo reciclado no episódio One Way to the Moon do seriado Túnel do Tempo (1966) em que foram usadas a cena da caminhada sobre o casco da nave, a sequência de pouso da nave na superfície da Lua, algumas cenas de caminhada sobre a superfície e a cena da partida do foguete, entrecortadas com close ups dos atores da série usando trajes similares.
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Esta cena foi parodiada em "Star Trek: Primeiro Contato" como uma homenagem do Diretor Jonathan Frakes... |
Da mesma forma, foram usados os trajes (modificados) e a cauda cenográfica do foguete em Abbott & Costelo no Planeta Marte (1953) de Charles Lamont, em O Foguete Errante (1959) de David Lowell Rich, com Os Três Patetas e em As Amazonas da Lua (1987) de John Landis.
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"Abbott & Costelo no Planeta Marte"(1953):Trajes reciclados, entre outros adereços ... |
Este é outro clássico imortal das matinês e Sessões da Tarde que merece ser revisto neste tempos de comemoração dos 50 anos do pouso na Lua, quando as forças do obscurantismo teimam em querer nos fazer acreditar que a Terra é plana e que não somos capazes de ultrapassar o limite de nossa atmosfera e que temos de permanecer fixos no chão, apesar de alegarem que a gravidade não existe...
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"- A partir de hoje, as noites serão mais luminosas, com o brilho de milhões de mundos a serem visitados!!!" como poderia dizer um personagem de Ray Bradbury, adepto dos foguetes de cromo... |
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